Portugal tem condições para descarbonizar de forma mais rápida e com um menor custo que a UE

19/05/2021 | Publicações nacionais relevantes

O estudo “Net-Zero Portugal – Caminhos de Portugal para a descarbonização”, elaborado pela McKinsey & Company com a colaboração do BCSD Portugal, e apresentado ontem numa das Conversas sobre Sustentabilidade Online, releva que Portugal necessita de acelerar as tendências recentes de descarbonização, tendo condições para descarbonizar mais rapidamente e a um menor custo que a União Europeia (UE). Assim, Portugal pode atingir a neutralidade carbónica, ou o “net-zero”, antes de 2050, enquanto alcança oportunidades de crescimento.

Por forma a acompanhar o objetivo de redução da União Europeia de 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990, Portugal necessita de acelerar as tendências recentes de descarbonização (identificadas entre 2005 e 2019) em 20%.

O estudo destaca que o objetivo “net zero” pode ser atingido antes de 2050, dado o potencial de descarbonização a baixo custo que Portugal apresenta, relativamente aos restantes países europeus, podendo contribuir para o caminho de descarbonização mais eficiente da União Europeia.

No caminho de menor custo, Portugal tem condições para descarbonizar cerca de 50% até 2030 (vs 1990), dada a posição mais favorável do setor electroprodutor, a maior penetração de veículos elétricos, assim como um maior potencial da floresta para sequestro de emissões.

Este caminho implica que o país terá de aumentar as adições anuais de capacidade elétrica renovável, estimular adoção de veículos elétricos, assim como preparar o desenvolvimento e a maturação de novas cadeias de valor, como o hidrogénio verde, combustíveis de baixo carbono e CCUS (captura, utilização e/ou armazenamento de carbono). É também necessária uma abordagem estratégica à floresta e ao uso do solo, bem como uma ação decisiva dos setores privado e público e da sociedade civil.

De acordo com Hugo Espírito Santo, Partner na McKinsey, “a descarbonização vai exigir de Portugal um investimento inicial, mas que ao longo dos anos trará poupanças significativas. Este investimento poderá ter um peso de cerca de 7% do PIB, a ser maioritariamente redirecionado de tecnologias com elevada pegada carbónica. Por outro lado, a alteração dos fluxos de capital no mundo poderá criar oportunidades de crescimento até 10-15% do PIB português”.

Para João Meneses, Secretário-Geral do BCSD Portugal, “Portugal partiu para o desafio da descarbonização com a vantagem de já ter uma elevada presença de fontes renováveis no seu mix energético. Porém, para sermos um país neutro em carbono, até 2050, teremos de acelerar o ritmo. São necessárias 5-6 vezes mais adições anuais de capacidade eólica e solar para eletrificar a economia, adotar novas tecnologias em larga escala, melhorar a gestão das florestas, dos solos e dos resíduos, rever as políticas e os incentivos públicos, e a adoção de novos comportamentos por parte dos portugueses. A neutralidade carbónica está ao nosso alcance, mas será um processo exigente. A boa notícia é que parece haver um consenso público nesse sentido, bem como soluções e financiamento disponíveis”.

Fonte: BSCD Portugal

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