Nigéria falhou quatro cargas de gás natural até agosto

05/10/2022 | Energia

Fonte oficial do Ministério do Ambiente e da Ação Climática revela ao Negócios que “até agosto de 2022 a Nigéria falhou quatro carregamentos de gás natural de um total previsto de cerca de 30”. Terá sido este o principal motivo para a viagem com caráter de urgência do secretário de Estado da Energia, João Galamba, e do ainda CEO da Galp, Andy Brown, a Abuja, no início de setembro, para dialogar com o Governo nigeriano e garantir o cumprimento dos contratos de longo prazo (detidos pela Galp) para entrega de gás natural liquefeito (GNL) a Portugal.

Fruto dessas reuniões de trabalho na Nigéria, no âmbito das relações comerciais habituais, nas quais a Galp também participou, como avançou na altura o Expresso, fonte oficial do MAAC diz agora que “até ao final do ano estão contratualmente previstos sete carregamentos adicionais” por parte do principal fornecedor de GNL a Portugal. Sozinha, a Nigéria assegurou até julho 55% do gás que o país importou, seguida pelos Estados Unidos (28%).

Diz o Governo que neste momento “a estratégia passa por assegurar a entrega de mais 11 carregamentos” ainda em 2022. Ou seja, os sete adicionais a que se somam os outros quatro que ficaram em falta até agosto e que o Governo quer recuperar.

Do lado da Galp, fonte da empresa confirma que “está em discussões com a NLNG [empresa detida em 49% pelo Estado nigeriano] para assegurar a entrega de cargas suficientes para satisfazer as necessidades dos seus clientes”. No entanto, não comenta o número de cargas de GNL que ainda espera receber no quarto trimestre.

“A viagem da Galp à Nigéria juntamente com o secretário de Estado da Energia foi bem-sucedida no sentido de reforçar junto da NLNG a importância destes abastecimentos para os portugueses”, diz fonte oficial da empresa ao Negócios.

Nessa altura, o Expresso dava conta de cargas de gás nigeriano para entrega em Portugal que tinham sido desviadas para outros mercados. Além disso, fontes conhecedoras da situação de “elevada instabilidade” que se vive no país relatam situações constantes de roubos de petróleo, o que põe em causa o transporte de gás por gasoduto até aos navios que levam o GNL da Nigéria para vários mercados.

Segundo as estatísticas da Direção-Geral de Energia e Geologia, Portugal importou, até agosto, pouco mais de quatro mil milhões de metros cúbicos de GNL de vários países, seja por gasoduto (Espanha e Argélia), por camião (Espanha) ou pelo oceano – ao Terminal de Sines chegam navios metaneiros de Nigéria, EUA, Guiné Equatorial, Rússia e Trinidad e Tobago.

Até esse mês, a Nigéria fez chegar ao país pouco mais de 2 mil milhões de metros cúbicos de gás, enquanto os EUA descarregaram 1,2 mil milhões no porto de águas profundas português.

A Galp é, segundo o Expresso, a empresa que detém os contratos de longo prazo com a Nigéria, os quais têm uma cláusula “take or pay” (quem compra é obrigado a pagar o gás contratado, seja entregue ou não). O último contrato prevê a entrega, durante 10 anos, de 1,6 mil milhões de metros cúbicos.

Já o Público diz que no final do ano passado Andy Brown relatava que a atividade da empresa tinha sofrido com as “restrições inesperadas ao fornecimento de gás” por parte dos “abastecedores de longo prazo”.

Fonte: Jornal de Negócios

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